Drenagem percutânea de pseudocisto pancreático
Os pseudocistos pancreáticos consistem na formação de coleções estéreis após 4 semanas do episódio de pancreatite aguda. Podem ser manejados de forma conservadora, caso sejam assintomáticos e sem sinais de infecção.
Os pseudocistos geralmente se formam após um processo inflamatório do pâncreas (pancreatite), quando há necrose que determina falha na parede do ducto pancreático, permitindo a saída do suco pancreático para fora. Quando esta saída ocorre de forma multifocal ou disseminada, o paciente geralmente desenvolve quadros mais graves com a formação de múltiplas coleções mal irregulares que apresentam maior chance de infecção. Quando o extravasamento ocorre de forma focal e este líquido se concentra em um único bolsão, forma-se o pseudocisto pancreático.
Até pouco tempo atrás, o tratamento do pseudocisto era conservador e apenas esperávamos que o cisto reduzisse de tamanho. Entretanto, esta redução volumétrica geralmente demora anos para ocorrer e no meio do caminho não era incomum o paciente apresentar infecção do pseudocisto ou mesmo outros episódios de pancreatite.
Atualmente, a drenagem percutânea do pseudocisto pancreático corresponde à melhor opção terapêutica, pois permite o seu tratamento de forma rápida e minimamente invasiva. Pode ser realizado de forma ambulatorial. Sob visualização da ultrassonografia ou tomografia, um dreno é posicionado no interior do pseudocisto. O paciente retorna em 1-2 semanas para retirada do dreno, a depender de seu débito. O objetivo deste tratamento consiste em esvaziar o pseudocisto de forma a colabar com suas paredes, controlar o processo inflamatório provocado pelo suco pancreático represado, evitar infecção deste líquido e permitir a cicatrização do ducto pancreático.
Geralmente, a resolução do quadro ocorre em 1-2 semanas após drenagem, muito mais rápido do que quando aguardamos que isto ocorra de forma espontânea. A cirurgia, antigamente empregada em casos complicados, deve sempre que possível ser evitada, sendo indicada em casos pós-drenagem e resolução do quadro inflamatório agudo, visando retirar os debris necróticos pancreáticos residuais (cirurgia VARD).