Ablação por radiofrequência de tumor irressecável do pâncreas

Os tumores malignos do pâncreas são geralmente descobertos por exames de imagem como ultrassonografia, tomografia e ressonância magnética. O diagnóstico definitivo deve ser feito por meio de biópsia, que pode ocorrer de forma percutânea ou endoscópica. Estima-se que apenas cerca de 20% dos tumores de pâncreas sejam cirurgicamente tratáveis, e a cirurgia com ressecção completa do tumor é a única opção de cura para essa doença. Isso ocorre porque o câncer de pâncreas geralmente não causa sintomas no início, mas tem potencial de crescimento rápido e invasão de estruturas linfáticas e vasculares, o que dificulta a cirurgia curativa e aumenta a chance de recidivas e metástases.

A maioria dos tumores de pâncreas (70-75%) são considerados irressecáveis no momento do diagnóstico. No entanto, a medicina tem avançado no tratamento desses tumores. Antigamente, o diagnóstico de um tumor de pâncreas sem possibilidade de cura significava uma sobrevida de apenas 6 a 12 meses.

Estudos multicêntricos têm demonstrado a efetividade do tratamento curativo das lesões neoplásicas pancreáticas, mesmo quando inicialmente consideradas irressecáveis. Esses casos devem ser discutidos em conselhos de tumores por médicos de diferentes especialidades para estabelecer a melhor estratégia terapêutica. Muitos pacientes podem ser submetidos a quimioterapia e radioterapia para reduzir e estabilizar o avanço da doença. Após 4-6 meses, os exames podem ser repetidos para reavaliar a doença e considerar a possibilidade de cirurgia curativa ou outros métodos intervencionistas.

Se a equipe multidisciplinar considerar que a doença regrediu e se tornou operável, a cirurgia pode ser realizada. No entanto, muitas lesões podem permanecer aderidas ou invadindo vasos e estruturas adjacentes, o que dificulta a cirurgia curativa.

Para estes pacientes, terapias como rádio intervencionistas caracterizada pela ablação percutânea do tumor pode ser considerada. Atualmente, o melhor tratamento percutâneo para neoplasias pancreáticas é a eletroporação (NanoKnife). Nesse tratamento, eletrodos são posicionados ao redor da área a ser tratada, inseridos por punção na pele e guiados por tomografia. Pulsos de alta energia são emitidos por esses eletrodos, causando uma alteração de polaridade que leva à morte celular do tumor por apoptose, preservando a integridade dos vasos e órgãos adjacentes. Essa técnica se torna uma opção terapêutica para lesões localmente avançadas em que a cirurgia é considerada de alto risco.

Por ser uma técnica ablativa não térmica, a eletroporação é considerada segura, com menos riscos de complicações. No entanto, seu custo ainda é alto. Alternativas a esse tratamento incluem as ablações térmicas, que podem ser realizadas por radiofrequência, micro-ondas ou crioablação dos tumores. Nessas ablações, as agulhas são posicionadas no interior da lesão também por punção percutânea guiada por tomografia. A ablação por radiofrequência e micro-ondas promove a destruição local do tumor pelo aquecimento do tecido ao redor da agulha, enquanto a crioablação obtém esse efeito por meio do congelamento.

Estudos têm demonstrado que abordagens para tumores pancreáticos utilizando ablações associadas à quimioterapia, com ou sem radioterapia, têm obtido altas taxas de sucesso no controle local da lesão, com aumento da sobrevida do paciente para 22-30 meses. Alguns pacientes conseguem uma sobrevida ainda maior, com possibilidades de cura local da doença. Todas as técnicas têm baixos riscos de complicações, com ligeira vantagem para a eletroporação devido ao menor risco de lesões térmicas.

Outra aplicação importante das ablações percutâneas nos tumores pancreáticos é o tratamento curativo das lesões metastáticas que podem surgir no fígado ou em outros locais ao longo do tratamento. Nesse contexto, o estudo por PET-CT tem se mostrado muito importante para identificar lesões metastáticas que não regrediram com a quimioterapia ou radioterapia. Muitas dessas lesões são acessíveis ao tratamento ablativo, e o tratamento delas tem tido um impacto significativo nos resultados prognósticos da doença, elevando o tempo de sobrevida dos pacientes em comparação com aqueles que não foram submetidos às ablações.